As mulheres abraçam internet e mudam comportamento


Com 39 horas semanais na rede, elas buscam informações sobre produtos, jogam casualmente e trocam dicas sobre como ser mãe em redes sociais.

As mulheres brasileiras usam mais internet do que assistem TV - são 39 horas semanais no computador contra 21 horas no sofá - e usam a web como fonte de informações na hora de comprar produtos. A rede já muda diversos hábitos da vida feminina, de acordo com estudos realizados pela Sophia Mind, do grupo Bolsa de Mulher.

Ao todo foram três estudos. Um deles abordou a relação das mulheres com as mídias sociais. Para esse foram entrevistadas 1,962 mulheres entre outubro e novembro de 2009. Outra investigou o consumo de mídia pelo público feminino – para essa, 1.120 mulheres foram ouvidas entre setembro e outubro de 2009. Já a terceira pesquisou a adesão de jogos online pelo público feminino contando com 525 entrevistadas.

A penetração do público feminino em diversos tipos de mídia social é enorme – 93% delas acessam algum tipo de modalidade, seja serviços de mensagens instantâneas ou sites de relacionamento como Orkut ou Facebook. Não só isso, 36% delas passam diversas vezes ao dia nesses sites.

De acordo com a Chief Executive Officer (CEO) do Grupo Bolsa de Mulher, Andiara Petterle, existem três grandes motivos que fizeram com que o público feminino abraçasse diversos tipos de mídia social. “Primeiro é o fato de elas quererem se relacionar e encontrar informações de amigos ou familiares. Também tem a busca de outros tipos de informações, como o que acontece com o mundo. Por último é o contato com produtos e serviços, como usar e a opinião de quem já tem”, conta.

O contato com outras mulheres em mídias sociais é fundamental na hora da escolha de produtos. De acordo com a Sophia Mind, 60% das mulheres usam redes sociais para discutir sobre diversos produtos – e não apenas para criticá-los. “Antigamente elas usavam mais para reclamar, agora buscam mais indicações. Elas comentam quando foram bem atendidas”, explica o sócio-diretor da Sophia Mind, Bruno Maletta.

Mas nem sempre as redes sociais são a fonte delas para informações. “Para produtos de beleza, a indicação das amigas é muito forte, maior do que publicidade ou do que elas leem na internet”. Nesses casos, comentários em redes apenas ajudam na decisão. “A rede social potencializa a indicação. Elas buscam informações sobre os produtos na mídia”, explica Maletta.

Mães
Um grupo que teve hábitos modificados pela internet foi o das mães – especialmente as de primeira viagem. Se há dez anos as principais fontes de informações para elas eram a própria mãe, amigas, parentes e pediatras, agora a busca é feita na internet.

“A internet passou a ser o lugar no qual a mãe procura informações. Elas usam outras mães como fonte relevante, além de especialistas na rede”, conta Andiara. “A ferramenta mudou a maneira de como se adquire conhecimento sobre coisas importantes como a maternidade. Para elas, a opinião de outras mães é mais importante hoje do que era há dez anos.”

Jogos
A internet também é fonte de diversão para elas. Segundo a Sophia Mind, 45,8% das mulheres jogam online e a média é de três horas semanais. Entre os jogos preferidos estão games casuais e sociais, como FarmVille ou simuladores.

“Elas não se interessam por jogos com mais interação ou competição entre usuários. As mulheres gostam de jogar sozinhas e buscam simuladores como salão de beleza, restaurante ou fazenda”, conta Petterle.

Apesar de quase metade do público feminino brasileiro jogar online, a dedicação a eles não é muito grande. Das 525 entrevistadas, 66,3% joga menos do que uma hora por dia, 14,6% passam de 2 a 4 horas jogando e 23% acessam os jogos mais de quatro vezes por semana, mesma porcentagem do grupo que jogam entre duas e três vezes semanais.

Publicidade
De acordo com a Sophia Mind, 13% das brasileiras são influenciadas pela a rede na hora de comprar. Além disso, as mulheres são responsáveis por 80% das decisões de gastos. Ainda assim, publicitários não as observam como principal público alvo na hora de criar campanhas.

“Um relatório do Boston Consulting Group divulgado ano passado mostrou que o mercado mundial feminino consome 23 trilhões de dólares anualmente”, afirma Andiara. “As empresas não estão preocupadas com as mulheres o suficiente, considerando o tamanho do mercado”, analisa.

A executiva ainda alerta que as consumidoras sentem esta falta de atenção. "Elas decidem, gastam e se sentem em segundo plano. Serviços financeiros, automotivos, seguros em geral e outras marcas devem se posicionar para as mulheres e anunciá-los da maneira correta para não correrem riscos graves”.

Para Andiara, o mercado ainda não entendeu o público feminino. “Há anunciantes que falam com as mulheres, mas ainda é preciso um salto grande nessa área. “Mulheres são intensas e emotivas. É preciso estudar o comportamento delas para ofertar do jeito certo. Não basta pintar de cor de rosa para elas ficarem felizes”, brinca.


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