Meninas entre 13 e 19 anos são alvo da AIDS


Ministério da Saúde admite a feminização e juvenização da Aids. Mas doença se manifesta entre 20 e 29 anos

As adolescentes e jovens do País entre 13 e 19 anos são mais vulneráveis à infestação da Aids que os meninos de igual faixa etária. Conforme o Ministério da Saúde (MS), a cada oito garotos infectados existem dez casos de meninas. Antes a proporção era de dez mulheres para cada grupo de 15 homens. No Ceará, a Secretaria da Saúde do Estado ainda não contabilizou os números de 2009, mas confirma a feminização e juvenização da doença.


Segundo a supervisora do Núcleo de Prevenção e Controle de Doenças e Agravos (Nuprev), enfermeira Telma Martins, no Ceará o grupo de maior incidência da Aids continua sendo o de pessoas entre 30 a 39, que tem 36,5% dos registros. Ocorre que a faixa entre 20 a 29 anos detem 25% dos casos. Porém, como o vírus da Aids tem um período de incubação de sete a dez anos, a possibilidade é de que o contágio tenho ocorrido na adolescência ou no início da juventude.

Os números levantados, até agora, pela secretaria estadual da Saúde são referentes a outubro do ano passado e indicam um total de 8.701 casos de Aids no Ceará, dos quais 2,1% estão entre 13 e 19 anos. Já a menor incidência fica na população abaixo de 13 anos.

"É preciso haver um trabalho preventivo forte entre os adolescentes", lembra Telma Martins, comentando que as meninas e as jovens estão mais sujeitas à propagação da Aids por questões culturais. "Para a mulher tudo é mais difícil", frisa, lembrando as adolescentes enfrentam mais dificuldades que os meninos para praticar sexo seguro. Dentre os fatores para isso, ela cita que as garotas, via de regra, mantêm uma vida sexual ativa sem o conhecimentos dos pais, têm menos acesso ao preservativo e, ainda, sentem dificuldade de negociar o uso da camisinha com o parceiro.

As observações da supervisora do Nuprev, inclusive, já foram constatadas pela Pesquisa Comportamentos e Práticas, realizada pelo Ministério da Saúde (MS), mostrando o perfil do brasileiro também no que se refere à sexualidade.

Os tabus que as mulheres jovens e as de outras etapas da vida vivenciam para o exercício da sexualidade acabam por torná-las mais indefesas diante da Síndrome da Deficiência Imunológica. Essa é também a opinião de Márcia Lessa, a coordenadora do Programa de Saúde e Prevenção nas Escolas do Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias estaduais de Saúde e Educação. "As meninas e as mulheres mais maduras enfrentam medos e preconceitos para negociar o uso do preservativo com o homem".

Sobre o programa que coordena, cita que o objetivo é reduzir a propagação das Doenças Sexualmente Transmissíveis/ Aids, atuando com a formação de jovens protagonistas dentro da escola, a fim de que repassem as orientações para os outros alunos. "O jovem recebe de outro jovem uma gama de informações sobre corpo, sexualidade, prevenção de doenças e planejamento familiar", disse.

Trabalho preventivo

No Carnaval deste ano, a campanha de prevenção à Aids terá como foco as meninas de 13 a 19 anos. O motivo é o crescimento de casos da doença entre as garotas dessa faixa etária, alerta o Ministério da Saúde. No Ceará, a Secretaria da Saúde do Estado oferece apoio as estratégias que, em geral, são traçadas em cada município, explicou ontem a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Controle de Doenças e Agravos, a enfermeira Telma Martins.

Ou seja, a forma como as campanhas preventivas são desenvolvidas no período são traçadas pelas prefeituras, já a Sesa oferece apoio logístico, sobretudo os preservativos que são distribuídos entre os foliões.

Até a próxima sexta-feira, os técnicos da Saúde no Estado estarão reunidos para planejar essa campanha. E a expectativa é que o Ministério destine ao Ceará cerca de 1,5 milhões de preservativos.

No município de Fortaleza, a campanha para evitar a propagação de Aids durante o Carnaval ainda não foi elaborada. A preocupação para conscientização da juventude também estará presente, admite fonte do órgão


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