Formol é proibido nos salões de beleza pela Anvisa

A moda do cabelo liso popularizou um tratamento conhecido como ‘escova progressiva’, que pode provocar problemas graves e inclusive a morte, se o tratamento incluir produtos à base de formol, um produto tóxico que provoca câncer, lesões nos olhos, pele, ferimentos nas vias respiratórias, edema pulmonar, pneumonia, reação alérgica, além de debilitação da visão e aumento do fígado. O alerta é da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), que em junho deste ano proibiu a venda do formol em drogaria, farmácia, supermercado, armazém, empório, loja de conveniência e drugstore de todo o país. A medida visa conter o uso do formol nos salões e centros de estética
O cabeleireiro David Mcnils, de Porto Velho, conta que atende muitas clientes prejudicadas com o uso indevido de formol. “Recebi uma cliente que tinha perdido boa parte do cabelo e teve o couro cabeludo muito afetado. Nos locais onde caiu o cabelo não nascerão novos fios devido à agressão causada”, relatou.

O profissional acrescenta que sempre foi contra a utilização do formol em tratamentos capilares e só trabalha com produtos registrados pela Anvisa. “Há uma infinidade de produtos e tratamentos químicos que não necessitam de formol e se consegue o mesmo resultado”, disse.
Segundo o cabeleireiro, cada fio de cabelo se divide em três partes: cutícula, córtex e medula. Toda a estrutura é recoberta por uma proteína chamada queratina. As substâncias usadas na escova progressiva agem sobre essa proteína. Elas quebram as cadeias de queratina, e é isso que faz o cabelo ficar liso. “Os produtos usados são vários, mas, por uma questão de preço, o formol entrou neste mercado. Mas ele tem riscos que os outros não têm”, informa David Mcnils.
Ele alerta que para se fazer o processo químico nos cabelos é preciso saber mais do que a forma de aplicação do produto, é necessário conhecer a estrutura capilar. “As vezes os profissionais usam o formol por falta de conhecimento dos perigos e danos que podem causar à saúde dos clientes”, informou.
Concentração

A lei diz que o formol só pode ser usado nesse tipo de alisamento na concentração de 0,2%. Mas, na prática, a dose aplicada nos salões de beleza é muito maior. “Essa concentração chega a ser bem maior do que a permitida”, calcula Mcnils
A Anvisa não registra alisantes capilares que tenham como base o formol em sua fórmula. O alerta é da gerente geral de Cosméticos do órgão, Josineire Sallum. Ela explica que o formol, nas concentrações permitidas pela Agência, não tem função de alisante. A substância só tem uso permitido em cosméticos nas funções de conservante (limite máximo de uso permitido 0,2%, conforme a Resolução 162/01) e como agente endurecedor de unhas (limite máximo de uso permitido 5%, segundo a resolução 79/00 Anexo V).

Todos os produtos registrados pela Anvisa que apresentam o formol na sua composição têm as concentrações da substância dentro dos limites previstos nas legislações. Quando o produto não é registrado significa que a composição não foi avaliada, o que pode representar perigos à saúde.
O risco do formol em sua aplicação indevida é tanto maior quanto maior for a concentração e a freqüência do uso se dá pela inalação de gases e pelo contato com a pele, sendo perigoso para os profissionais que aplicam o produto e também para os usuários.

Câncer

O formol é considerado cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Quando absorvido pelo organismo por inalação e, principalmente, pela exposição prolongada, apresenta como risco o aparecimento de câncer na boca, nas narinas, no pulmão, no sangue e na cabeça.
Existem substâncias registradas na Anvisa que podem ser utilizadas em alisamentos capilares. Entre elas estão o Tioglicolato de Amônio, Hidróxido de Sódio, Hidróxido de Potássio, Hidróxido de Cálcio, Hidróxido de Lítio e o Carbonato de Guanidina.


Riscos do uso do formol
Contato com a pele - Causa irritação à pele, com vermelhidão, dor e queimaduras.

Contato com os olhos - Causa irritação, vermelhidão, dor, lacrimação e visão embaçada. Altas concentrações provocam danos irreversíveis.
Inalação - Pode causar câncer no aparelho respiratório, dor de garganta, irritação do nariz, tosse, diminuição da freqüência respiratória, irritação e sensibilização do trato respiratório. Pode ainda causar graves ferimentos nas vias respiratórias, levando ao edema pulmonar e pneumonia. Fatal em altas concentrações.

Exposição crônica - A freqüente ou prolongada exposição pode causar hipersensibilidade, levando às dermatites. O contato repetido ou prolongado pode causar reação alérgica, debilitação da visão e aumento do fígado.

Fonte: 14

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