A tendência está escondida entre as montanhas de dados registrados pelo recenseamento nos Estados Unidos: desvios aparentemente minúsculos na proporção entre meninos e meninas nascidos em famílias de origem chinesa, indiana e coreana radicadas nos Estados Unidos.
Nessas famílias, nos casos em que o primeiro filho foi uma menina, a probabilidade de que o segundo filho fosse menino era superior à média, de acordo com estudos recentes sobre os dados de recenseamento. Nos casos em que os dois primeiros filhos de famílias originárias dessas regiões fossem meninas, a probabilidade de um terceiro filho ser homem era ainda mais alta com relação à média nacional.
Os especialistas em demografia afirmam que esse desvio estatístico entre as famílias norte-americanas de origem asiática é significativa, e acreditam que reflita não apenas uma preferência por filhos homens mas uma crescente tendência, entre essas famílias, de adotar técnicas que permitem a seleção do sexo de filhos, como a fertilização in vitro e seleção de esperma ou o uso do aborto como mecanismo seletivo.
Os novos imigrantes tipicamente transferem alguns dos hábitos e costumes de suas culturas aos Estados Unidos ¿ de preferências alimentares e práticas de criação de filhos à ênfase na educação e no avanço econômico; outra prática comum é conferir um status social e econômico mais elevado aos filhos homens. O apelo aos imigrantes da parte de clínicas cuja especialidade é a seleção do sexo de crianças gerou certa controvérsia nos Estados Unidos, cerca de uma década atrás.
Mas diversos especialistas expressaram surpresa diante das provas de que a preferência dos norte-americanos de ascendência asiática por filhos homens tenha se expressado de maneira tão clara no país adotivo. "Que algo como isso esteja acontecendo nos Estados Unidos ¿as pessoas ficaram muito espantadas com isso", disse Lena Edlund, da Universidade Colúmbia. Edlund e seu colega Douglas Almond estudaram dados do recenseamento de 2000 e publicaram os resultados de seu estudo em 2008, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Em termos gerais, os índices de natalidade norte-americanos abarcam mais meninos do que meninas à razão de 1,05 para uma. Mas entre as famílias norte-americanas de ascendência chinesa, coreana e indiana, a probabilidade de que um filho seja homem sobe a 1,17 para um, nos casos em que o primeiro filho da família é menina, de acordo com os economistas de Colúmbia. Caso os dois primeiros filhos sejam meninas, a probabilidade de que o terceiro seja um menino sobe a 1,51 para uma.
Os estudos não detectaram preferência semelhante por filhos homens entre os norte-americanos de ascendência japonesa. As constatações do trabalho de Almond e Edlund quanto à maior proporção de meninos entre os nascituros, em certos grupos de famílias asiáticas, foram reforçadas pelas pesquisas de Jason Abrevaya, um economista da Universidade do Texas.
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