Na Europa as novelas contribuem para endividamento das famílias



Copiar modelos de vida da ficção prejudica contas das famílias, diz economista,
que explicou a técnicos e beneficiários do RSI como poupar nas despesas domésticas

As actividades no âmbito do Dia para a Erradicação da Pobreza continuaram hoje em Coimbra, com uma acção de formação em Economia Doméstica pelo professor e economista Óscar Bernardes, destinada a técnicos e beneficiários do Rendimento Social de Inserção.


O especialista apontou vários factores para o endividamento das famílias, entre eles, as telenovelas, que estabelecem um padrão de vida que os portugueses tentam imitar, apesar de não terem possibilidades económicas para tal. As personagens, mesmo que tenham um início humilde e com um padrão de vida real, acabam por seguir um percurso de felicidade.


De acordo com o professor do Instituto Superior de Paços de Brandão, nas telenovelas «toda a gente tem cavalo, criadas não faltam, há adolescentes com motorista, que são donos de bar e de escola, um faz motorcrosse, os quartos são fantásticos e há 'n' portáteis, e não há ninguém que tenha que pagar prestações, que viva num bairro e tenha uma vida miservável».


Em contrapartida, acrescenta Óscar Bernardes, «as pessoas que têm uma vida horrível e que começam a identificar-se com a personagem da novela pensam que podem ter uma vida como ela e vão copiá-las».


Para o especialista, parte do problema está no facto das marcas utilizarem as personagens da ficção para construir uma história à volta dos seus produtos e serviços. Também o marketing agressivo e na sociedade de consumo são responsáveis para comportamentos que levam ao endividamento das famílias.



Na sessão, promovida pela rede social da Câmara Municipal de Coimbra e pelo núcleo distrital da Rede Europeia Anti-Pobreza, Bernardes deixou alguns truques para evitar que as famílias comprem bens supérfluos, uma vez que se estima que as pessoas comprem mais 85 por cento do que aquilo de que necessitam. Ir às compras sem filhos, com tempo, com uma lista feita em casa e optar por produtos de marca branca são só algumas das dicas apontadas pelo economista.

[Fonte]

Nenhum comentário: