Aids e mulheres: uma relação delicada

Dra. Naila

Estudo realizado de 1983 a 1992 (em Santos, em 1994), verificou que a principal forma de transmissão do HIV era a prática heterossexual e, dessas, 43,8% relatavam parceria sexual única no momento do diagnóstico e 37,2% foram identificadas como "donas de casa". Atualmente, tomando-se o total de casos femininos notificados desde 1983, podemos afirmar que a maioria das mulheres, em nosso meio, se infectou pelo HIV por meio de relações heterossexuais. Sem dúvida, as questões de gênero, ou seja, as formas diferenciadas de poder estabelecidas entre homens e mulheres acabam por torná-las mais vulneráveis à infecção.

Mesmo cientes de que correm riscos de contaminação, muitas vezes a prevenção ao HIV não faz sentido para as mulheres, por elas viverem num contexto de muitos riscos e poucas perspectivas. Outras mulheres julgam, apesar de conhecer as formas de transmissão, que estão livres do risco, pois relacionam o mesmo a situações moralmente negativas. E, finalmente, algumas mulheres que se reconhecem em risco de aquisição do HIV e discutem isto com seus parceiros não conseguem fazer com que haja co-responsabilidade na prevenção. Para reverter todo este quadro é necessário abrir a discussão sobre as questões ligadas à sexualidade e à afetividade nas relações entre homens e mulheres. Apesar da propagada liberação feminina, as mulheres ainda têm um poder de deliberação sobre sua vida sexual muito menor do que o dos homens, quer seja por submissão emocional, cultural ou econômica, com consequente baixa possibilidade de negociação para a adoção de métodos de prevenção às DST/HIV, quer seja pelo uso regular de preservativos.

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